Um recanto onde os sonhos naum estão guardados, mas sim espalhados, jogados por todos lados. Aqui vocÊs encontram meus

RE-TA-LH-OS!!!

terça-feira, junho 01, 2010

Hoje eu parei para ouvir a cidade, passava por pessoas estranhas nas ruas, pessoas sem rostos, em suas faces era apenas visível as orbitas vazias onde não era perceptível a presença de olhos, os carros passavam, os transeuntes se esbarravam e eu não ouvia, nem via nada, só sentia as dores presentes em cada esquina. Sentia ressentimento de namorados traídos, a amargura dos bêbados jogados nas calçadas, a ânsia dos tarados por um sexo selvagem e sujo, o nojo das putas que se entregam a homens sujos de um fedor insuportável, elas só queriam que tudo acabasse rápido, e eu também.

Eu via em todos esses seres noturnos um pouco de mim, e ao observar esses barulhos que iam se tornando cada vez mais inaudíveis, ia me acalmando mais, no entanto o vazio provocado pela sua ausência ia se tornando cada vez maior, me corroendo mais e mais por dentro, o meu estômago era uma enorme bola de neve, fria, molhado, e que aos poucos ia me dominando e tirando o restante do calor presente no meu corpo. Um frio arrebatador me levou aos meus últimos instantes de consciência e um clarão, provocado por um relâmpago da chuva que insistia em cair, eu pude notar o toque gélido da morte invadir o meu ser, e levar-me de encontro ao meu amado, senti medo de partir e deixar todos que amava naquele lugar, mas no mesmo instante o calor que ainda emanava daquele casca que a poucos minutos pertencia ao ser mais importante da terra me nutriu com a força necessária para que eu pudesse ir ao seu encontro, foi neste momento que me agarrei a senhora da vida e segui em caminhada ao seu reencontro.

Renato Souza

31-05-2010

22:00h